sexta-feira, 11 de março de 2011

A Revolução no Egito e a Ditadura brasileira de 1964

 O texto a seguir foi publicado no jornal Diário de Guarulhos em fevereiro de 2011.
Vale a pena ler de novo:

A “mídia ocidental” está querendo seqüestrar a vitória do povo egípcio. Alias, pior do que a “mídia ocidental” são alguns analistas de “esquerda” que não conseguem analisar absolutamente nada.

Se perdem falando ora em xiitas, ora em sunitas, esquecendo que ambos são antes de mais nada muçulmanos e fizeram a revolução.

Se vão conseguir governar ou não isso já é outra história.

Não se pode esquecer que Estados Unidos e Israel farão de tudo para negociar os anéis com o intuito de preservar os dedos.

É o que eles estão fazendo no Líbano e Tunísia.

Possivelmente não terão tempo de acomodar as coisas à sua imagem e semelhança.

Argélia está aí para provar isso, Iêmen segue na mesma direção.

Todo cuidado é pouco já que a hidra está nos EUA, Israel e no Hijaz, cujo nome os sauditas tentam sepultar até hoje.

É bom que fique claro que o povo egípcio nada obteve ainda. Livrou-se apenas de um nódulo quando o importante é extirpar o câncer em sua totalidade. É necessário cortar a cabeça da hidra.

A queda de Mubarak, e já vai tarde, não resolverá o problema dos egípcios. A não ser que eles rompam com o sistema.

E romper com o sistema significa mandar para as calendas tudo que o neoliberalismo impingiu ao país e começar tudo de novo.

E podem começar pelo que o presidente Nasser fez ao depor o rei Faruk. A recuperação do canal de Suez e das poucas industrias de base que Sadat e Mubarak entregaram ao capital eletrônico.

Encontro muita semelhança entre as ditaduras egípcia e dos países árabes com a ditadura brasileira de 64.

Quando os militares voltaram aos quartéis, saciada sua sede de prender e arrebentar, o que os brasileiros ganharam? Sarney e sucedâneos. Até a chegada ao governo do presidente Lula. Vejam que eu digo governo e não poder.

Mesmo não sendo poder, Lula fez mais pelo país do que todos os seus antecessores juntos. E está pagando um alto preço por isso. Que o digam os entreguistas de sempre.

É verdade que os egípcios pagarão um preço altíssimo por qualquer tentativa de rompimento com o sistema, já que os Estados Unidos e Israel farão tudo para evitar esse rompimento. Principalmente Israel, que até hoje não aprendeu a conviver em paz com seus vizinhos. O palavreado de seus dirigentes supera, em muito, os conceitos de George Orwell.

A diferença entre o nosso 64 e o 2011 dos egípcios, é que o mundo tornou-se muito pequeno e como disse aquele barbudo, ainda no século 19, a história só se repete como farsa.

Dai porque precisamos ficar atentos para evitar os erros do passado e avançar cada vez mais em busca de uma sociedade mais humana e mais solidária.

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